Resistência à corrosão, peso e possibilidades de design, fazem do alumínio um forte substituto ao aço cromado e plástico no segmento de móveis
O alumínio está por toda parte e ganha a cada dia um maior número de adeptos. Depois de se consolidar na construção civil, com suas esquadrias, ganhar os eletrodomésticos, aparelhos elétricos e até os automóveis, o material começa a se destacar em mais um setor da indústria brasileira, a fabricação de móveis.
O uso do alumínio no setor moveleiro é uma tendência dos últimos dez anos, calcula Hélio Donizeti, gerente comercial da Alpex, empresa de São Paulo que fornece perfis de alumínio e produtos acabados do mesmo material para vários setores. A empresa possui duas unidades. Uma fabrica os perfis, a outra os beneficia para obter produtos acabados por encomenda. No segmento de móveis, a empresa fornece tanto para fabricantes quanto para o segmento de marcenaria.
A Alpex fabrica puxadores, cabideiros, portas deslizantes com vidro – em argilato e argentato -, bases, suportes e outros artigos utilizado pela indústrias de móveis dos polos moveleiros de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul. O polo de Arapongas, no Paraná, é atendido indiretamente, por intermédio das empresas que atuam também em São Paulo. De acordo com o gerente comercial, 65% da produção da empresa vai para o mercado de móveis. Os 35% restantes são destinados a outros segmentos ligados à construção civil. A Alpex projeta o consumo de 3 mil toneladas de alumínio em 2011.
Construção é o setor que vai impulsionar o crescimento das vendas de produtos fabricados a partir do metal. Eventos como a Copa do Mundo 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016 devem impulsionar a construção de hotéis e pousadas no país – um dos públicos preferenciais de mobiliário que inclui peças de alumínio, ao lado dos móveis para escritório. Além disso, o crescimento da construção civil para dar conta do imenso déficit habitacional do país fará com que as vendas de móveis acompanhem o crescimento das vendas de imóveis, projeta Donizeti.
As empresas do setor resistem em revelar o crescimento de 2010 e projetar o aumento da utilização dos próximos anos, mas acreditam que em algumas áreas a expansão chegará próxima dos 21% de aumento de consumo projetados pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) para 2010.
A escolha do alumínio para uso no setor mobiliário obedece a vários princípios: resistência à corrosão – extremamente importante para produtos destinados a cidades litorâneas ou com excessiva umidade relativa do ar -, peso e qualidade. De acordo com Érica Camargo, coordenadora de marketing da Línea Brasil, empresa do polo moveleiro de Arapongas, “a escolha recai na nobreza do material”. Por isso, o alumínio é restrito a apenas 10% da linha de produtos da companhia – justamente o segmento considerado mais “nobre”.
Além de oferecer novas possibilidades de design e um aspecto visual mais apurado aos produtos, o alumínio também agrega valor ao móvel que o recebe, afirma Érica. A redução do peso também é relevante, principalmente nos artigos destinados à exportação. A Línea utiliza bases, puxadores e trilhos para portas deslizantes em alumínio.
De acordo com Marcos Tudino, executivo da Majoka-Combinare, “nos últimos anos o alumínio vem crescendo sua participação na composição do mobiliário de decoração dentro das linhas média-alta em substituição ao aço cromado e ao plástico”. Ele explica que o encarecimento do aço nos últimos anos deixou os componentes em alumínio polido ou escovado mais competitivos.
A baixa resistência à corrosão, inclusive das versões cromadas, tem sido a principal inimiga do aço na indústria moveleira, que procura oferecer o mesmo produto para cidades litorâneas ou localizadas mais no interior do pais. Embora a empresa não os fabrique, o diretor da Combinare afirma que os chamados “móveis de varanda” têm ganhado rapidamente a participação do alumínio, justamente por sua resistência à oxidação.
Segundo ele, o plástico ficou mais restrito aos móveis populares, cujas vendas cresceram acentuadamente com a ascensão social das classes C e D. Até mesmo esse segmento já começa a receber detalhes em alumínio a fim de “enobrecer” o produto final, diz Tudino. (E.B.)
Fonte: valor